Associação Brasileira dos Parentes, Amigos e Pacientes de Pompe

SOBRE POMPE


Doença de Pompe

A doença de Pompe foi descrita pela primeira vez pelo Dr. Joannes Pompe, na Holanda, no ano de 1.936.

É
também conhecida como doença de armazenamento de glicogênio tipo II ou deficiência de maltase ácida, é uma doença genética hereditária e rara, com uma frequência estimada de 1 em 40.000 nascimentos.

Trata-se de uma doença neuromuscular progressiva e debilitante. É causada pela deficiência de uma enzima chamada alfa-glicosidase ácida ou GAA.

Nos pacientes de Pompe a enzima alfa-glicosidase ácida ou GAA  é reduzida ou não existe. A enzima reduzida ou inexistente leva ao acúmulo de glicogênio nos lisossomos, causando danos celulares em vários tecidos e órgãos, especialmente no tecido muscular esquelético, o que leva a uma degeneração, um processo inflamatório e fibrose que a longo prazo causa fraqueza muscular, dispneia e a perda das funções motora e respiratória dos pacientes, exigindo o uso de cadeira de rodas e assistência respiratória.

Por ser rara é su
bdiagnosticada (apenas 10% de seus portadores são diagnosticados no país, dos quais apenas pouco mais de 100 estão em tratamento).

Afeta cerca de 50.000 pessoas em todo o mundo e aproximadamente 2.500 brasileiros, estimativa baseada nos dados epidemiológicos mundiais.
CAUSAS
A doença é genética e hereditária.

Para que alguém tenha Pompe tanto o pai quanto a mãe devem carregar o gene da enzima GAA defeituoso, mas isso não significa que eles têm a doença. As pessoas que tem apenas um dos genes defeituosos são chamadas de portadores e não apresentam nenhum sintoma.

É uma doença geneticamente definida e tem um padrão de herança autossômico recessivo, ou seja, para que a pessoa desenvolva a doença é necessário que ela tenha tanto a cópia do gene GAA defeituoso que veio do pai como a cópia do gene GAA defeituoso que veio da mãe, contendo a mutação.

Se as duas cópias do gene GAA estão normais, a pessoa não terá a doença. Se apenas uma das cópias do gene GAA está com defeito, a pessoa será uma portadora, mas não terá a doença. Se as duas cópias do gene GAA estão com defeito, a pessoa terá a doença.

Os portadores do gene GAA defeituoso não desenvolvem a doença, mas podem transmitir esse gene defeituoso para filhos e filhas. Na hipótese de ambos os pais serem portadores, ainda assim a chance de transmitirem o GAA defeituoso é de 25%.

Um casal que já tem um filho com a doença de Pompe corre o risco de 25% de ter um segundo filho com a doença e por isso é importante a conscientização e orientação sobre o risco de recorrência.

A genética é inata, ou seja, o paciente já nasce com ela, por isso é possível que irmãos sejam afetados, portanto é importante investigar toda a família.
TIPOS DA DOENÇA
A doença de Pompe se manifesta sob diversos aspectos clínicos que variam com relação à idade de início, taxa de progressão e extensão do envolvimento de órgãos.

O curso geral da doença é o mesmo em todos os pacientes com doença de Pompe, ou seja, o acúmulo de glicogênio nos tecidos-alvo levando à debilitação progressiva, falência de órgãos e morte.

A gravidade da doença varia de acordo com a idade de início, quais órgãos estão envolvidos, grau do comprometimento muscular (esquelético, respiratório, cardíaco) e taxa de progressão da doença. Essa variabilidade permitiu a criação de dois tipos da doença.

Tipo Infantil

Na forma infantil da doença praticamente não existe a produção da enzima, com isso o acúmulo do glicogênio é muito mais intenso, precoce, e com rápida evolução, e é isso que explica a gravidade do quadro.

A forma infantil é mais rara, mas é mais grave. Inclui pacientes que exibem a doença rapidamente progressiva, caracterizada por cardiomegalia (aumento do tamanho do coração), hepatomegalia (aumento do tamanho do fígado), fraqueza, hipotonia e morte por insuficiência cardiorrespiratória no primeiro ano de vida.
No primeiro ano de vida o que chama atenção é o acometimento cardíaco, da musculatura esquelética de braços, pernas, e diafragma, por isso que poucos bebês conseguem chegar ao final do primeiro ano de vida, caso não sejam rapidamente diagnosticados e adequadamente tratados.

Pacientes com a doença de Pompe infantil menos grave têm progressão mais lenta e cardiomiopatia menos grave. A doença de início, depois da primeira infância, normalmente não inclui cardiomiopatia grave.

Tipo de Início Tardio

É caracterizada por uma miopatia progressiva que pode se apresentar da segunda à sexta décadas da vida, envolvendo sobretudo a musculatura esquelética.

A forma tardia é mais comum e se inicia na adolescência ou na vida adulta e tem um curso mais lento, mas é progressiva e implacável.

Existem diferenças em relação à fisiopatologia da doença quando se compara a forma infantil com a tardia.

Essas diferenças estão relacionadas com o tipo de alteração genética e, por consequência, com a atividade residual da enzima.
SINTOMAS
Os sintomas variam de pessoa para pessoa, e nem todos podem estar presentes, sendo que a gravidade e a ordem podem variar. Podem ser musculares, respiratórios e/ou cardíacos. 

Existem alguns músculos mais afetados, como o diafragma que é o músculo diretamente ligado à função respiratória.

Os sintomas comuns da doença de Pompe:

A) infantil clássica:
- coração muito dilatado
- fraco tônus muscular – bebê mole
- dificuldade para respirar
- infecções frequentes
- falha nos marcos de desenvolvimento (Ex.: rolar, sentar, engatinhar e andar)
- dificuldade em sugar, engolir ou alimentar em geral
- língua alargada
- falta de crescimento ou ganho de peso

B) início na infância (Pompe de início tardio)
- dificuldade para respirar nos exercícios físicos, quando deitado ou durante o sono, que pode causar dores de cabeça matinais, náuseas e/ou sonolência diurna
- infecções torácicas frequentes
- falha nos marcos de desenvolvimento (Ex.: caminhar, correr ou pular)
- vertigens e quedas frequentes
- baixo desempenho em esportes e outras atividades físicas
- dificuldade para andar, subir escadas, levantar do chão, de cadeiras, e pentear os cabelos
- cansaço
- dor muscular e/ou fadiga
- contraturas
- desenvolvimento de escoliose e/ou dor lombar
- escápula alada
- Ptose
- dificuldade em mastigar, engolir e/ou comer em geral devido à fraqueza da boca, língua e músculos da garganta;
- dificuldade em ganhar ou manter um peso corporal saudável
- treino Potty atrasado
- creatina quinase, também conhecida como CK ou CPK, acima do normal no sangue

C) início na idade adulta (Pompe de início tardio)
- dificuldade para respirar nos exercícios físicos leves/moderados, quando deitado ou durante o sono, que pode causar dores de cabeça matinais, náuseas e/ou sonolência diurna
- infecções torácicas frequentes
- dificuldade para ficar de pé, andar, subir escadas, levantar do chão e de cadeiras
- vertigens e quedas frequentes
- baixo desempenho em esportes e outras atividades físicas
- dor muscular e/ou fadiga
- contraturas
- escápula alada
- Ptose
- dificuldade em mastigar, engolir e/ou comer em geral devido à fraqueza da boca, língua e músculos da garganta
- dificuldade em ganhar ou manter um peso corporal saudável

D) outros sintomas
- fígado ligeiramente aumentado, observado às vezes, na doença de Pompe de início infantil
- alterações do ritmo cardíaco, observada em alguns pacientes de início tardio
DIAGNÓSTICO
Depois dos primeiros sintomas, os pacientes levam em média de 07 a 10 anos para ter a doença identificada.

Conhecer e reconhecer os primeiros sintomas da doença de Pompe é fundamental para obter um diagnóstico precoce, importante por tratar-se de uma doença neuromuscular progressiva, especialmente na doença de Pompe do tipo infantil.

Chegar a um diagnóstico precoce é complicado pelo fato de que os sintomas de Pompe podem ocorrer em qualquer idade e geralmente são difíceis de detectar no início.

Embora os pacientes possam não apresentar sintomas por muitos anos (às vezes até décadas), a doença está presente e ativa no nascimento.

A doença de POMPE pode ser facilmente confundida com outras doenças neuromusculares. Pode ser diagnosticada de várias maneiras e muitas vezes, após o diagnóstico inicial por um método, é necessária a confirmação por um segundo método.

A partir do exame clinico e dosagem de CPK CK, a insuficiência respiratória restritiva e a fraqueza muscular, são considerados indícios da doença, sendo necessário prosseguir com a investigação confirmatória.

O primeiro exame a ser feito é o teste da gota seca com coleta de uma amostra de sangue para realizar a quantificação da atividade da enzima alfa-glicosidade ácida. É um teste que serve como triagem.

Quem tem a quantidade normal da enzima tem a doença de Pompe descartada, aqueles pacientes que tem baixa quantidade são considerados de risco para a doença (pacientes com Pompe têm níveis de enzimas que variam de <1% a 40%).

Esses pacientes devem ser submetidos ao exame de diagnóstico confirmatório que é o sequenciamento genético do gene GAA.

Para alguns o resultado não é conclusivo, então é necessário prosseguir para um exame de analise funcional, para tanto é necessário coletar amostra de um tecido que pode ser músculo ou pele, e nesse tecido é realizado exame da atividade da enzima alfa- glicosidade ácida.

A análise de DNA (coleta de sangue ou saliva) é outro método para diagnosticar a doença de Pompe, e para identificar as mutações do paciente.
TRATAMENTO
Por ora, a doença de Pompe não tem cura, mas tem tratamento aprovado no Brasil.

Estudos demonstraram que o tratamento com terapia de reposição enzimática (TRE) é indicado para os pacientes de Pompe e pode alterar significativamente a história natural da doença. Resumindo, salva vidas.

A introdução da Terapia de Reposição Enzimática (TRE) no Brasil, no ano de 2006, alterou o prognóstico da doença para retardar o avanço, a progressão, e os danos, beneficiando os pacientes com qualidade de vida e sobrevida.

A partir de 2006, os pacientes de Pompe, diagnosticados precocemente, que iniciaram o tratamento de reposição enzimática, obtiveram ganho de funções, estabilização, e até mesmo reversão de lesões causadas pelo acúmulo intracelular de glicogênio.

Estudos relataram que o tratamento de reposição enzimática pode melhorar ou estabilizar o desempenho motor e a função respiratória em pelo menos 2/3 dos pacientes tratados, e que o início precoce da terapia pode maximizar a eficácia do TRE, ou seja, o diagnóstico precoce é fundamental no tratamento dos pacientes.
Sem um diagnóstico é impossível iniciar o tratamento antes de ocorrer dano irreversível.

A reposição enzimática (TRE) é realizada através de enzima sintética produzida por biotecnologia que repõe a enzima natural do corpo que é a alfa-glicosidase ácida (GAA). É administrada por infusão intravenosa, em ambiente hospitalar, geralmente a cada quinze dias. Também pode ser administrada a cada sete dias ou a cada dez dias, de acordo com prescrição médica.

O tratamento da reposição enzimática deve ser acompanhado de tratamento fisioterapêutico, fonoaudiológico e nutricional (dieta hiperproteica, priorizando o consumo de peixes
- vidaepompe.blogspot.com ), exercícios aeróbicos e de fortalecimento muscular para ganho de tônus,  obtendo-se, assim, resultados mais rápidos e eficazes.
Outras Associações:
• International Pompe Association (IPA)
www.worldpompe.org


 
• Acid Maltase Deficiency Association (AMDA)
www.amda-pompe.org


 
• United Pompe Foundation
www.unitedpompe.com


 
• Muscular Dystrophy Association (MDA)
www.mdausa.org



• Canadian Association of Pompe
www.pompecanada.com


• Pompe Foundation - India
www.pompeindia.org
• Association for Glycogen Storage Disease
www.agsdus.org


 
• Association for Glycogen Storage Disease (UK)
www.agsd.org.uk


 
• Australian Pompe’s Association
www.australianpompe.org.au/


 
• National Organization for Rare Disorders, Inc. (NORD)
www.rarediseases.org


• Pompe Alliance
www.pompealliance.com



• Asociación Española de Enfermos de Pompe (AEEPOMPE)
www.asociaciondepompe.org


• Ryker's Foundation
www.rykersfoundation.org

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